quarta-feira, 2 de março de 2016

"Ovos misteriosos"


É o titulo de uma historia que fala de uma galinha que decide mudar de vida. Como às vezes nos acontece imaginar..
Choca os seus ovos com desvelos de mãe e descobre que dentro deles habitam outros seres que diferem em muito daquilo que idealizara. Sem se importar com a diferença, impotente para os transformar, sufoca de angustia a vê-los crescer e a ganhar autonomia.
Nós, mães, esperamos que a vida nos traga o impossível quando seria mil vezes mais fácil aceitar que cada um transporta em si um código de genes inimitável e absolutamente singular.
Cultivar a identidade é deixar de olhar para dentro e perceber que todos, temos a força para construir um mundo mosaico onde cada peça se encaixa perfeitamente, criando harmonia. Sem protagonismo e sem batota. Sem arbitrariedades.
O nosso valor está naquilo que professamos, naquilo que temos para dar aos outros. E, na possibilidade de entender uma contrariedade como um desafio, uma forma de crescimento interior.
Vejamos, as nossas crianças são diferentes entre si mas, os seus olhares e os seus sorrisos têm a energia e a magia de nos fazer felizes ainda que não sejam as crianças "robots e "normalizadas" de quem os professores tanto gostam...
Se pudesse mudar de vida iria até ao fim do mundo com os meus filhos e fazia uma passadeira gigante com as memorias dos meus alunos. Porque todos eles contribuíram para ser a pessoa que sou hoje.
Como Educadora pretendo que cada um consiga criar uma imagem positiva e ajustada de si mesmo e que desenvolva com os outros uma relação de empatia. 

Um dia, o meu avô perguntou-me quais eram as coisas mais belas do mundo, e eu não soube o que dizer. Pensei que podia ser o pôr do sol ou o mar (…). Ele sorriu e perguntou-me outra vez se não havia de ser a amizade, o amor, a honestidade e a generosidade, o ser-se fiel, educado, o ter-se respeito por cada pessoa e cada coisa. Perguntou-me se o mais belo do mundo não seria fazer-se o que se sabe e pode para que a vida de todos seja melhor. (…)
 Valter Hugo Mãe, 2010

As fotos que aqui deixamos ilustram pequenos flashs vividos na casinha das bonecas onde cada um entra e sai quando quer, veste o que gosta, veste as personagens com as quais se sente mais confortável sem a minha intervenção. Criam e recriam os papeis que desejam para a sua vida. A construir a sua identidade sem medo de serem criticados. A tomar as rédeas daquilo que são verdadeiramente. A tomar consciência de si e dos outros, a estabelecer relações com os seus pares. A linguagem que usam é a do corpo: de dentro para fora. A das emoções, a dos gestos. Sem rodeios, sem constrangimentos. A fingir o que são na sua essência.


















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